Em maio de 2025, a cidade de São Paulo foi palco da 29ª edição de uma das maiores paradas de orgulho LGBTQAPI+ do mundo. Este ano, o evento teve como tema “Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro”, um chamado à reflexão sobre a trajetória e os desafios enfrentados pela comunidade.
Paradas como essa estão ancoradas em um processo profundamente psicológico: transformar traços e características que, muitas vezes, aprendemos a enxergar com vergonha em motivos de orgulho e celebração. Essa operação é essencial para a construção de uma vida plena, sem arrependimentos e repleta de alegria, apesar dos acontecimentos que nos fazem sentir desconectados, julgados e atacados pelo mundo.
No nível coletivo, o orgulho, especialmente em grupos marginalizados, pode ser uma ferramenta poderosa de empoderamento e resistência contra a opressão sistêmica. No entanto, a vergonha, muitas vezes internalizada a partir do estigma social, pode dificultar a participação individual em movimentos de luta política por criar conflitos internos. Compreender a interação dessas emoções é crucial para analisar a dinâmica dos movimentos sociais e elaborar estratégias eficazes para a mudança. Meu trabalho como psicólogo político exige bastante atenção a tais dinâmicas.
No plano individual, aprender a olhar para nossa história e para aqueles momentos de nossas vidas dos quais nos envergonhamos faz parte do caminho rumo a versões mais sustentáveis de nós mesmos. Já vi essa jornada muitas vezes nas histórias no consultório.
A Parada LGBTQAPI+ de São Paulo, e tantas outras que seguem acontecendo, é um símbolo de esperança. Eventos como esse são lembretes de que, ao transformarmos a vergonha em orgulho, estamos pavimentando o caminho para um futuro mais inclusivo e acolhedor para com os outros e com aqueles ao nosso redor.